Trem de Cruz Alta
12/07/2025 22h29 - Atualizado 12/07/2025 22h29

Ontem, voltando de Santa Rosa, passei por Cruz Alta e aproveitei para dar uma passada no Museu do Erico Veríssimo, que fica na Rua General Osório n. 380, no centro da cidade. Até tirei uma foto por lá e postei nas minhas redes sociais. O museu estava fechado, mas a casa segue lá.
Após voltar para o carro, que estava estacionado próximo da estação do trem, vi que a locomotiva estava acionada e o maquinista estava pronto para partir. Trem é coisa rara para os brasileiros e quando a gente vê um… tem que parar para olhar.
Pois bem.
Hoje, já em casa, olhando as fotos de ontem, lembrei de uma passagem da vida do Érico muito triste e certamente traumatizante para ele: quando criança sua pai partiu de trem e nunca mais voltou, após ser expulso de casa por sua mãe.
O pai de Érico tinha problemas bem sérios com o alcoolismo e quando chegava em casa sempre arrumava confusão. Desta vez sua mãe não suportou mais.
Érico conta em detalhes esta história, que deve ter sido desesperadora para um menino, que mediando aquele conflito foi correndo atrás do pai até a estação de trem, mas só o viu pela janela, quando a locomotiva já tinha partido, a partir de quando ele nunca mais teve notícia do pai.
No fim, não consegui ver o trem partir ontem, pois o maquinista parecia estar organizando as coisas ainda e eu tinha horário para chegar em Porto Alegre. Mas fiquei pensando nesta estória do Érico que se desenrolou até a estação de trem.
Descobri que o trem de ontem iria para Santa Maria.
E a obra em que o Erico conta esta história é A liberdade de escrever, uma coletânea de entrevistas do escritor.
Aliás, um livraço.