Eu sou machista
Aqueles que me conhecem já sabem: lá em casa quem manda sou eu. Sei que alguns maldosos gostam de criticar meu comportamento, aduzindo que sou velha guarda, machista e muitas vezes grosseiro.
Eu não só não concordo com suas ponderações como tenho a consciência tranqüila de que procuro dividir as tarefas domésticas de forma muita justa. Assim, eu me encarrego de passar as roupas que estão no cesto da área de serviço. Ela troca as lâmpadas, o gás e testa os disjuntores do quadro de força de seis em seis meses. Eu recolho a mesa do café da manhã e preparo o almoço com os ingredientes da primeira prateleira da geladeira. Ela utiliza a furadeira, os parafusos e as buchas de fixação para pendurar os quadros novos e instalar o ventilador de teto. Eu arrumo a sala, passo o aspirador de pó e limpo os quartos. Ela recebe os pedreiros da reforma, lava o carro e conserta o aparelho de som. Eu limpo os banheiros, tiro a louça da maquina e coloco a mesa. Ela desce com o lixo, paga a empregada doméstica e passa a fita veda rosca no vazamento da maquina de lavar. Eu levo o cãozinho para passear todas as manhãs. Ela usa massa corrida para corrigir as imperfeições nas superfícies da parede da escada. Eu vejo a novela. Ela o futebol. Eu lavo a louça. Ela escolhe o vinho. Eu verifico na despensa os produtos com data de validade vencida. Ela faz a manutenção da pintura das paredes, recolhe as folhas na calha do telhado e limpa o sifão do banheiro. Eu abro a porta da garagem. Ela dirige. Eu coloco a criança no banco de trás. Ela troca os pneus. A salada deixa comigo. O churrasco é com ela. Entenderam agora porque não estou preocupado com as críticas? Danem-se as críticas machismo é bom e eu gosto.