
Primeira parte
Convidei a minha irmã para almoçar comigo hoje, em razão de meu aniversário, e ela não pode ir em razão do trabalho. No final da tarde ela me mandou uma mensagem, perguntando:
– e aí, como foi o almoço?
Eu acabei almoçando com meus pais e a minha família e eu respondi para ela que foi tudo ótimo, mas que sentimos a falta deles. Foi quando ela respondeu:
– ai… que pena mesmo. Mas não faltarão oportunidades.
Que mentira! Como ela pode saber que não faltarão oportunidades?
E se não tivermos uma nova oportunidade mano? E mesmo que a tenhamos, por quantas vezes tu achas que isso ocorrerá?
Segunda parte
Me lembrei do dia que minha mãe me ligou, após eu ter feito uma apresentação de trabalho em São Paulo, um grande desafio, o qual me demandou uma intensa preparação. Eu estava no aeroporto de Congonhas e ela em Porto Alegre. Ela me disse:
– filho, parabéns. Imagina, se com esta idade você já está se sobressaindo desta forma, o que dirá daqui a dez anos?
Lá vai ela, soberba. Só porque já está por aí há quase oito décadas acha que manda no tempo.
Quanta arrogância, prepotência.
Se acha a dona da agenda.
Conclusão
Ela me procura todos os dias. Me pede informações, favores, e faz piadas. Eu me sinto sempre ameaçado. Isso fez com que algumas vezes nos provocássemos. Eu sempre me arrependo. Eu erro. Mas ela é a minha parceria. Sinto que poderia conhecer ela melhor.
Eu trato tudo dela com um certo descaso involuntário. É involuntário mesmo. Parece uma armadura. Como se algo dentro de mim fosse mais forte do que eu mesmo. Pois meu amor por ela é infinito. É o “não faltarão oportunidades” atuando de forma inversa em mim?